Nos últimos anos, a moda parecia caminhar em direção à inclusão e à diversidade corporal, celebrando diferentes tipos de corpos nas passarelas. No entanto, em 2025, observou-se um retorno significativo ao padrão estético da magreza extrema, especialmente nas coleções de primavera-verão 2026 apresentadas em grandes semanas de moda como Nova York, Londres, Milão e Paris. Dados indicam que 97,1% dos looks apresentados corresponderam a tamanhos entre 32 e 36, refletindo uma preferência quase exclusiva por silhuetas extremamente magras.
Esse retorno à magreza nas passarelas levanta questionamentos sobre os padrões de beleza impostos pela indústria da moda. A diretora de casting francesa Esther Boiteux destaca que existe uma ideia equivocada de que ser magro é sinônimo de elegância e riqueza, perpetuando um estereótipo que não condiz com a diversidade real dos corpos humanos. A realidade é que os tamanhos considerados “padrão” na moda não refletem a morfologia média da população.
Apesar de algumas tentativas de inclusão, como a presença de modelos plus size em desfiles anteriores, a representatividade de corpos maiores nas passarelas continua sendo marginal. Modelos que vestem tamanhos 40 ou superiores representam apenas uma pequena fração das modelos nas principais semanas de moda, evidenciando a persistência de um padrão estético restritivo e excludente.
Esse cenário tem implicações significativas para a sociedade, especialmente para jovens que buscam referências de beleza. A imposição de um único padrão corporal pode contribuir para o desenvolvimento de distúrbios alimentares e problemas de autoestima, além de reforçar a gordofobia e a exclusão de pessoas que não se enquadram nesse padrão. A moda, enquanto reflexo e influenciadora da cultura, desempenha um papel crucial na formação da percepção corporal coletiva.
Além disso, a retomada da magreza como padrão estético nas passarelas pode impactar negativamente a indústria da moda como um todo. A falta de diversidade nas representações pode alienar consumidores que não se veem refletidos nas campanhas publicitárias e desfiles, resultando em uma desconexão entre as marcas e seu público-alvo. A inclusão de diferentes tipos de corpos não é apenas uma questão de justiça social, mas também uma estratégia inteligente de marketing e engajamento.
A crítica à magreza como único padrão estético não é nova. Movimentos como o “body positive” e o “feminismo gordo” têm lutado contra a imposição de um corpo ideal único, promovendo a aceitação de todos os tipos de corpos e questionando os padrões de beleza estabelecidos pela indústria. Esses movimentos destacam a importância de se afastar da glorificação da magreza extrema e abraçar a diversidade corporal como uma riqueza cultural.
É essencial que a indústria da moda reflita sobre o impacto de suas escolhas estéticas e busque promover representações mais inclusivas e diversas. A verdadeira inovação na moda não reside na repetição de padrões excludentes, mas na celebração da pluralidade de corpos, estilos e identidades. A mudança para uma moda mais inclusiva não é apenas uma tendência passageira, mas uma necessidade urgente para construir uma sociedade mais justa e representativa.
Em resumo, a retomada da magreza como padrão estético nas passarelas de moda em 2025 representa um retrocesso significativo em relação aos avanços conquistados em direção à inclusão e diversidade corporal. É fundamental que a sociedade, juntamente com a indústria da moda, continue a lutar por representações mais amplas e inclusivas, que reflitam a verdadeira diversidade dos corpos humanos e promovam a aceitação e o respeito por todas as formas e tamanhos.
Autor: Romanov Brown