Silvia Ochoa, mulher indígena quéchua dos Andes peruanos, tem conquistado espaço e reconhecimento no Brasil com seu trabalho de resgate cultural por meio do artesanato. Morando há 15 anos no país, Silvia expressa a tradição de seu povo em peças únicas que carregam a história e a simbologia da cultura andina. Seu trabalho vai muito além da criação artística, sendo também um ato de resistência e preservação da identidade ancestral em terras brasileiras.
O artesanato indígena de Silvia Ochoa é um reflexo das cores, formas e símbolos que compõem a riqueza cultural dos Andes. Ela confecciona bolsas, mochilas, brincos, vestimentas e até bonecas de pano, utilizando elementos naturais para criar cada peça. Entre os principais destaques estão os corantes extraídos da cochonilha, que produzem tonalidades vibrantes e variadas. Essa técnica milenar é aplicada com dedicação para manter a autenticidade das cores e o respeito ao meio ambiente.
A Feira Hippie de Belo Horizonte é o palco onde Silvia apresenta seu artesanato indígena para um público crescente e fiel. O espaço reservado para artesãos indígenas é uma oportunidade para que ela mantenha viva sua cultura e alcance clientes que valorizam o trabalho manual e tradicional. Apesar de enfrentar desafios, como a falta de infraestrutura para montar barracas, Silvia destaca a importância do contato direto com o público, que já a reconhece e procura suas peças com frequência.
Além do resgate cultural, o trabalho de Silvia Ochoa é um exemplo de empreendedorismo feminino e familiar. Suas filhas participam ativamente da produção, aprendendo e ajudando na criação dos brincos e outras peças que demandam cuidado e atenção aos detalhes. O artesanato indígena torna-se assim uma forma de fortalecer os vínculos familiares e garantir a continuidade dos saberes ancestrais por meio da prática diária e da troca de conhecimento entre gerações.
O marketing digital, mesmo que utilizado de forma simples, tem sido um aliado importante para Silvia ampliar seu alcance. Com o apoio da filha nas redes sociais, especialmente no Instagram, ela consegue divulgar seus produtos e receber encomendas personalizadas, valorizando ainda mais a exclusividade de cada peça. O contato via WhatsApp e a entrega presencial na Praça Sete completam a estratégia que alia tradição e modernidade para expandir o negócio de artesanato indígena.
A trajetória de Silvia também revela a superação de dificuldades típicas de quem começa um empreendimento cultural fora do país de origem. A determinação em persistir após os primeiros desafios, como não vender na estreia na Feira Hippie, mostra a força da artista e sua paixão pelo que faz. Hoje, a produção cresce gradativamente, e a artesã consegue fabricar diversas peças por semana, conciliando o trabalho manual com o uso da máquina de costura para aumentar a produtividade.
Cada criação de Silvia Ochoa carrega um significado profundo, pois traz à tona símbolos incas e elementos que remetem à identidade quechua, como a chakana e as lhamas. As peças artesanais não são apenas objetos de consumo, mas verdadeiros portadores de memória e cultura, que conectam o passado ao presente e permitem que as tradições andinas ganhem novos espaços no cenário brasileiro. Esse compromisso com a autenticidade torna seu trabalho singular e altamente valorizado.
Por fim, o exemplo de Silvia Ochoa reforça a importância do artesanato indígena como ferramenta de resistência cultural e empreendedorismo. Através de sua arte, ela não só preserva e divulga sua origem, mas também constrói um futuro promissor para si e sua família, inspirando outras mulheres indígenas a valorizarem suas raízes e a buscarem independência econômica. O artesanato indígena de Silvia é um convite à valorização das culturas originárias e à celebração da diversidade no Brasil contemporâneo.
Autor: Romanov Brown